As tarifas abrangentes impostas pelos Estados Unidos e as contramedidas adotadas por outros países podem ter efeitos devastadores sobre as economias em desenvolvimento, superando até mesmo os impactos negativos dos cortes na ajuda externa. De acordo com o Centro de Comércio Internacional (ITC), órgão ligado à ONU, o comércio global pode encolher entre 3% e 7%, com o PIB mundial caindo 0,7%, sendo os países mais pobres os mais afetados. A diretora executiva do ITC alertou que, se a escalada comercial entre EUA e China continuar, o comércio bilateral pode cair 80%, gerando um efeito cascata catastrófico.
Os mercados globais seguem instáveis, com os EUA elevando tarifas sobre produtos chineses para 145% e a China retaliando com taxas de 125% sobre importações norte-americanas. A diretora do ITC destacou que as tarifas podem prejudicar mais do que a redução de ajuda externa, ameaçando retrocessos nos ganhos econômicos recentes de nações em desenvolvimento. Países como Lesoto, Camboja e Bangladesh podem perder acesso a mercados cruciais, como o dos EUA, e precisar buscar alternativas regionais ou em outras regiões, como a Europa.
As projeções do ITC, baseadas em dados anteriores à trégua de 90 dias anunciada pelos EUA, indicam que Bangladesh, por exemplo, pode perder US$ 3,3 bilhões em exportações anuais até 2029 se as tarifas permanecerem. A agência sugere que os países afetados fortaleçam acordos comerciais regionais para mitigar os danos. O cenário atual coloca em risco cadeias de suprimentos globais e pode reverter avanços econômicos conquistados por nações vulneráveis nas últimas décadas.