Uma pesquisa realizada por cientistas de Israel e dos EUA analisou mais de 300 mil nascimentos e 44 milhões de exames de sangue e urina, revelando que os efeitos físicos da gravidez e do parto persistem por mais tempo do que se imaginava. O estudo, publicado na Science Advances e na Nature, avaliou 76 parâmetros, como função hepática, níveis de colesterol e marcadores inflamatórios, mostrando que apenas 47% deles voltam ao normal no primeiro mês pós-parto. Para 41%, a recuperação leva de três meses a um ano, com alguns valores permanecendo alterados mesmo após 80 semanas.
O impacto da gravidez no corpo feminino é profundo, envolvendo mudanças cardiovasculares, hormonais e imunológicas para sustentar o desenvolvimento do feto. Durante e após a gestação, há maior risco de complicações como depressão, diabetes gestacional e anemia, sendo a hemorragia pós-parto uma das principais causas de mortalidade materna. A pesquisa também identificou que mulheres com complicações apresentavam marcadores diferentes antes mesmo da gravidez, abrindo caminho para diagnósticos precoces e intervenções preventivas.
Os resultados destacam a necessidade de revisão das expectativas sociais sobre a recuperação pós-parto, já que o corpo demanda tempo significativo para se reequilibrar. Além disso, o estudo sugere que análises de dados biomédicos anônimos podem ser úteis para entender outras transições fisiológicas, como puberdade e menopausa. As descobertas reforçam a importância de acompanhamento médico prolongado após o parto, garantindo melhor saúde materna a longo prazo.