Nos últimos meses, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta uma grave crise interna, marcada por pedidos de exoneração de diretores e uma crescente insatisfação entre servidores. O conflito teve início em julho do ano passado, com a criação da Fundação IBGE+, um braço do instituto com a autorização de captar recursos privados. A medida gerou receios quanto à perda de autonomia e credibilidade do órgão, visto que muitos temem que o financiamento externo comprometa a imparcialidade das pesquisas realizadas, como o Censo e os indicadores econômicos.
A crise se agravou quando a presidência do IBGE, sob a liderança de Márcio Pochmann, tomou decisões sem consulta prévia ao Conselho Diretor, como alegam os críticos. O sindicato dos servidores denuncia que a Fundação IBGE+ foi instaurada sem o devido debate com a comunidade científica e o corpo técnico do instituto. Além disso, a gestão passou a adotar mudanças no regime de trabalho e a transferir servidores para locais de difícil acesso, o que aumentou a insatisfação interna. Para os críticos, essas ações têm sido agravantes, mas a principal causa da crise continua sendo a fundação.
A situação se tornou insustentável, com a ex-presidente Wasmália Bivar afirmando que a gestão precisa reverter suas decisões e promover um diálogo sincero com os servidores para evitar mais exonerações e preservar a integridade do IBGE. Apesar das críticas, a presidência do IBGE defende que as mudanças são necessárias para garantir a modernização e a independência financeira do instituto. Entretanto, o impasse continua, e a questão sobre a influência do setor privado no IBGE permanece em debate acirrado.