A autora, após anos vivendo na Alemanha, reflete sobre a aceitação da nudez em espaços públicos, contrastando com a resistência cultural no Brasil. Em uma experiência em Berlim, ela testemunhou uma mulher que, após nadar nua no lago Halensee, se despedia de um senhor que a elogiava por sua escolha saudável. Essa cena exemplifica a naturalidade da nudez na sociedade alemã, em oposição ao tabu que predomina entre os brasileiros.
O lago Halensee é um dos pontos de naturismo mais tradicionais de Berlim, onde a prática é comum e aceita, principalmente entre idosos. Por outro lado, no Brasil, o naturismo enfrenta restrições, como evidenciado pelo recente decreto da prefeitura de Balneário Camboriú, que proíbe a prática na Praia do Pinho, citando a ocorrência de crimes. Assim, a autora critica a conexão infundada entre nudismo e atividades ilícitas, questionando a lógica das proibições que cercam a nudez no país.
A reflexão final da autora sugere que o Brasil, mesmo sendo uma nação culturalmente liberal em certos aspectos, ainda carrega um conservadorismo que penaliza a nudez fora do Carnaval. Embora não se espere uma mudança radical na aceitação cultural da nudez, a autora defende que a diminuição do tabu poderia beneficiar a sociedade, permitindo que as pessoas se sintam mais confortáveis com seus corpos. A experiência da mulher no lago de Berlim serve como um convite à reflexão sobre a relação que os brasileiros mantêm com a nudez e a liberdade corporal.

