A novela ‘Três Graças’, da TV Globo, instiga o público a torcer pelos ladrões ao retratar sua história de forma humanizada. A trama, que se passa em um contexto de desigualdade social, transforma o furto em um ato simbólico de justiça, levando o espectador a questionar os valores morais estabelecidos. O autor, Aguinaldo Silva, constrói uma narrativa em que o crime é justificado por um sistema injusto, permitindo que os telespectadores se identifiquem com os protagonistas.
A humanização dos ladrões e a representação do alvo do crime como um símbolo da elite são estratégias que diminuem o peso moral do furto. A estátua, que representa interesses distantes da realidade do povo, é vista como um alvo legítimo, o que leva à inversão clássica da ética na teledramaturgia. A novela se destaca ao sugerir que os verdadeiros vilões estão inseridos no sistema, enquanto os ladrões são apresentados como vítimas de uma sociedade desigual.
O tom leve e humorístico da narrativa, aliado à identificação emocional do público com os ladrões, transforma o roubo em um ato de resistência. Essa construção narrativa promove uma reflexão sobre a moralidade na sociedade contemporânea, desafiando a percepção do público sobre crime e justiça. Assim, ‘Três Graças’ não apenas entretém, mas também provoca uma discussão profunda sobre as dinâmicas sociais e a justiça.

