O padre Júlio Lancellotti foi impedido de transmitir missas online e de se apresentar nas redes sociais, uma situação que levanta discussões sobre a visibilidade pública e o controle midiático na atualidade. Em contraste, outros religiosos, como o padre Fábio de Melo, participam frequentemente de programas televisivos, destacando um fenômeno de desigualdade na exposição midiática entre sacerdotes. Essa diferença de tratamento revela preocupações sobre quem tem o poder de aparecer e ser ouvido na esfera pública.
A presença de padres na mídia não se restringe apenas à quantidade de seguidores, mas também ao conteúdo que comunicam. O padre Júlio é conhecido por suas posições progressistas e inclusivas, que podem chocar com a visão conservadora de parte da hierarquia da Igreja. Ao contrário, padres que se alinham mais com a instituição, como o padre Fábio, têm sua presença editada e mediada, o que lhes garante uma exposição menos arriscada e mais controlada.
O silenciamento contemporâneo, como o que enfrenta o padre Júlio, não é explícito, mas se manifesta na exclusão de plataformas digitais, uma forma moderna de ‘damnatio memoriae’ que reconfigura a visibilidade pública. A tecnologia, ao definir quem aparece nas redes, transforma a dinâmica da comunicação e da influência religiosa. Com isso, a questão da liberdade de expressão religiosa se torna ainda mais complexa, refletindo as tensões entre a tradição e a modernidade na sociedade atual.

