O Brasil chega à COP30, realizada em Belém, com um discurso de liderança em questões climáticas, apesar de enfrentar sérios gargalos estruturais no setor agropecuário. Um estudo da Systemiq aponta que apenas 1% da área agropecuária do país é irrigada, o que é alarmante diante da crescente irregularidade das chuvas. Os desafios incluem a escassez hídrica, altos custos e a burocracia em torno da outorga de uso da água, fatores que limitam a capacidade produtiva e aumentam a vulnerabilidade aos riscos climáticos.
Além disso, a degradação de 60% das pastagens brasileiras compromete a produtividade e pressiona os custos, enquanto a recuperação dessas áreas é vista como uma oportunidade estratégica. O governo brasileiro enfrenta a necessidade de transformar as fragilidades em ativos que atraiam investimentos climáticos, especialmente em um cenário de transição ecológica global. Contudo, a assistência técnica rural ineficaz, onde 78% das pequenas propriedades não têm acesso, limita ainda mais o avanço do setor e a inclusão de pequenos produtores em mercados organizados.
A assimetria na distribuição do crédito rural, que prejudica regiões mais vulneráveis, e a baixa cobertura de seguros agrícolas são outros desafios a serem enfrentados. Os especialistas destacam que, para o Brasil consolidar sua posição na COP30 e obter financiamento internacional, é fundamental que o país desloque recursos para onde são mais necessários e implemente melhorias na irrigação, no crédito e na assistência técnica. Sem essas ações, o país pode chegar à conferência com um discurso ambicioso, mas incapaz de lidar com as fragilidades que moldam o futuro do agronegócio em meio às mudanças climáticas.


