A Procuradoria-Geral de Milão, na Itália, iniciou uma investigação sobre denúncias de que turistas pagos por um ‘safári humano’ em Sarajevo, durante a Guerra da Bósnia, na década de 1990. O jornalista Ezio Gavazzeni revelou que esses turistas, muitos deles de classe alta, desembolsavam entre US$ 92 mil e US$ 116 mil para atirar em civis desarmados, incluindo crianças, em um ato de caça macabra.
Gavazzeni, que documentou essa prática em um relatório de 17 páginas, destacou que os envolvidos possuíam vínculos com círculos de extrema-direita e eram aficionados por armas. A investigação é apoiada por figuras respeitáveis na Itália, como o ex-magistrado Guido Salvini e a ex-prefeita de Sarajevo, Benjamina Karic, que já havia tentado apurar o caso anteriormente. Apesar dos esforços, Gavazzeni apontou que a investigação na Bósnia é delicada devido às feridas ainda abertas da guerra.
O promotor Alessandro Gobbis lidera as investigações e já possui uma lista extensa de testemunhas a serem ouvidas, incluindo um agente da inteligência bósnia que afirmou ter conhecimento sobre a presença de italianos atirando em civis em Sarajevo. Se identificados, os suspeitos podem ser indiciados por homicídio doloso agravado, dado o contexto brutal do cerco, que resultou na morte de mais de 5 mil civis entre 1992 e 1996.

