David Harewood faz um retorno marcante ao papel de Othello no Theatre Royal Haymarket, em Londres, onde as performances de Toby Jones e Caitlin FitzGerald também se destacam. Harewood, que foi o primeiro ator negro a interpretar Othello no National Theatre, traz uma presença física poderosa e uma qualidade imperial ao seu personagem, cativando tanto os outros personagens quanto o público. A produção moderna, sob a direção de Tom Morris, oferece um olhar renovado sobre a obra, mas ainda enfrenta críticas devido ao uso de linguagem racista que ressoa de forma desconfortável nos dias atuais.
A encenação de Othello reflete a rica diversidade cultural de Veneza, com a presença de outros atores negros no elenco, o que ajuda a mitigar a sensação de isolamento racial. No entanto, a escolha de manter a linguagem racista da peça original provoca um efeito ainda mais impactante, especialmente em um cenário contemporâneo que busca a inclusão e a sensibilidade cultural. A direção de Morris, apesar de estilosa, poderia ter explorado mais as profundezas emocionais dos personagens e suas complexidades.
Enquanto a produção segue em cartaz até 17 de janeiro, o retorno de Harewood ao papel de Othello marca um momento significativo na história do teatro britânico. Sua interpretação é um lembrete do progresso feito, mas também das questões persistentes relacionadas à raça e à representação. O público tem a oportunidade de refletir sobre essas dinâmicas enquanto assiste a uma das mais poderosas tragédias de Shakespeare.