A rede estadual de São Paulo enfrenta uma drástica redução no número de salas de aula noturnas, perdendo mais de 11 mil turmas nos últimos dez anos. Este cenário se agravou com uma nova resolução do governo, que exige comprovação de vínculo empregatício para matrícula no ensino médio noturno. A medida afetou diretamente estudantes como Daniel Ribeiro, que sonhava em conciliar trabalho e estudos à noite, mas se viu impossibilitado de se matricular devido às exigências burocráticas.
Os números revelam que, em 2015, havia 2.803 escolas estaduais com aulas noturnas, enquanto em 2025 esse número caiu para 1.633. Essa diminuição é resultado de uma política que, além de restringir o acesso, também se depara com a realidade de muitos adolescentes que precisam trabalhar durante o dia. A situação é complexa, pois, embora o governo alegue ter aumentado a oferta de vagas, a demanda reprimida de alunos continua alta, indicando que muitos não conseguem sequer se matricular devido às novas regras.
As implicações dessa redução são significativas, não apenas para os estudantes, mas também para a sociedade. Especialistas alertam que a diminuição das turmas noturnas pode excluir jovens do sistema educacional e, consequentemente, do mercado de trabalho. O governo, por sua vez, defende sua estratégia ao afirmar que está priorizando o ensino técnico e profissionalizante, mas a preocupação com o futuro educacional dos adolescentes persiste, especialmente em um cenário onde o trabalho informal se torna cada vez mais comum entre os jovens.

