Pesquisadores da Universidade Oregon Health & Science (OHSU), nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica inovadora que permite criar óvulos a partir de células da pele humana. O estudo, publicado na revista Nature Communications, demonstra que é possível reprogramar o núcleo dessas células somáticas para formar óvulos capazes de sustentar as primeiras etapas do desenvolvimento embrionário.
A metodologia consiste na transferência do núcleo de uma célula da pele, contendo 46 cromossomos, para um óvulo doador previamente esvaziado do seu núcleo. Para ajustar o número correto de cromossomos (23), os cientistas induziram artificialmente uma divisão celular semelhante à meiose, chamada mitomeiose. Dos 82 óvulos reconstruídos, menos de 10% alcançaram a fase de blastocisto após fertilização com espermatozoides humanos, porém todos apresentaram anomalias cromossômicas que impedem a viabilidade para uma gestação saudável.
Embora o estudo represente um avanço significativo na fertilização assistida, os pesquisadores ressaltam que a técnica ainda está em fase experimental. São necessárias correções genéticas e comprovação rigorosa de segurança antes que possa ser aplicada clinicamente. O desenvolvimento abre novas perspectivas para tratamentos de infertilidade, mas também levanta questões éticas e técnicas que demandam aprofundamento.