O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou em 1º de outubro de 2025 um relatório que alerta para o risco de elevação das tarifas de energia elétrica devido à possível retomada da construção da usina nuclear Angra 3, situada em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Segundo o documento, os custos do empreendimento podem ser até R$ 43 bilhões superiores, em valor presente líquido, quando comparados a outras fontes alternativas de geração.
O relatório aponta fragilidades na modelagem econômico-financeira proposta pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pela viabilização do projeto. Entre os principais problemas estão o repasse integral ao consumidor dos riscos cambiais, atrasos e ineficiências na obra, o que contraria o princípio da modicidade tarifária. A obra está paralisada desde 2015, com aproximadamente 65% concluída, e a estimativa para sua conclusão é de R$ 23 bilhões. Caso o projeto seja abandonado, os custos seriam da ordem de R$ 21 bilhões, considerando contratos e equipamentos já adquiridos.
O governo discute alternativas para financiar a conclusão da usina após a privatização da Eletrobras, que não é mais obrigada a aportar recursos no projeto. O ministro de Minas e Energia defende a retomada para reduzir o uso de termelétricas a diesel e fortalecer a segurança energética. Entretanto, a Fazenda e a Casa Civil manifestam dúvidas sobre a governança e sustentabilidade econômica do empreendimento. A Eletronuclear ressalta que Angra 3 terá potência instalada de 1.405 MW, suficiente para abastecer cerca de quatro milhões de pessoas e contribuir para a diversificação da matriz energética nacional.