A Polícia Federal (PF) encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma consulta sobre a possibilidade de incluir as ameaças virtuais dirigidas ao ministro Flávio Dino no inquérito que investiga as chamadas milícias digitais. Em ofício enviado em setembro, a PF relatou que Dino apresentou uma notícia-crime contendo mais de 50 publicações em redes sociais com ameaças concretas contra ele e contra um delegado federal envolvido em investigações sensíveis no STF.
Entre os conteúdos analisados, a PF destacou referências ao Nepal, país que recentemente enfrentou protestos violentos com destruição de prédios públicos e mortes, sugerindo uma incitação a atos semelhantes no Brasil. Dino afirmou que as ameaças começaram após seu voto que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no processo da trama golpista, ressaltando o risco de novos episódios de violência contra autoridades e instituições públicas.
No parecer encaminhado a Moraes, a PF enfatizou que a individualização dos alvos aumenta a gravidade das ameaças, que podem comprometer o exercício independente das funções públicas. A corporação sugeriu que, caso reconhecida a relação com o inquérito das milícias digitais, seja aberta uma petição específica no STF para aprofundar as investigações, incluindo a expedição de ofícios às plataformas digitais para identificar os responsáveis pelos perfis ameaçadores.