A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (1º) o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil, medida que beneficiará cerca de 20 milhões de contribuintes. A proposta é considerada um teste político para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para os deputados do Centrão e do PL, que divergem sobre as formas de compensar a perda de receita estimada em R$ 26 bilhões.
O governo federal propõe taxar rendas elevadas, entre R$ 600 mil e R$ 1,2 milhão anuais, com alíquotas progressivas de até 10%, em linha com a Justiça Tributária. No entanto, deputados do Centrão e do PL tentam modificar as compensações para evitar tributar os mais ricos, alegando que esses contribuintes são responsáveis pelo crescimento econômico. O PL também promete apresentar uma emenda para elevar a faixa de isenção para até R$ 10 mil, sem detalhar as fontes de compensação, o que pode ser interpretado como populismo fiscal.
No Senado, já há resistência a essas mudanças. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou publicamente as tentativas de abrandar a tributação sobre os mais ricos e prometeu reverter eventuais alterações que prejudiquem a progressividade fiscal. A votação na Câmara será decisiva para o governo, que aposta na aprovação da isenção para evitar ataques eleitorais por parte da oposição no próximo ano.