Luiz Augusto Campos, sociólogo e pesquisador da Uerj, defende a criação de grupos de trabalho que acompanhem egressos da política de ação afirmativa da universidade. Ele acredita que essa medida é essencial para avaliar o impacto das cotas, instituídas em 2003, e entender a permanência dos estudantes nas instituições de ensino superior. Campos destaca que a Lei de Cotas deve ser vista como um meio para reduzir desigualdades no mercado de trabalho, não como um fim em si mesmo.
Em um encontro recente, ex-cotistas discutiram suas trajetórias e a necessidade de revisar o critério de renda que limita o acesso à pós-graduação na Uerj. A universidade, ao contrário de outras instituições federais, combina a autodeclaração racial com requisitos socioeconômicos, o que tem dificultado a entrada de estudantes de baixa renda nos níveis mais altos de ensino. Campos aponta que, sem impactos fora da universidade, a política pública de cotas pode ser considerada fracassada.
Com dados que revelam a baixa representação de pessoas pretas e pardas entre mestres e doutores, Campos conclui que a Lei 8.121, de 2018, que regulamenta as ações afirmativas, precisa ser revista antes de 2028. Ele sugere que as universidades utilizem sua autonomia para flexibilizar as regras de ingresso, uma vez que a judicialização dos processos de seleção tem se tornado cada vez mais comum. Essa mudança poderia facilitar o acesso e ampliar as oportunidades para grupos historicamente marginalizados.


