A ofensiva do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, contra o narcotráfico na Venezuela levanta questões sobre sua eficácia e provoca incertezas na América do Sul. O professor Ricardo Rocha, do Insper, em entrevista ao programa Mercado, analisa que essa estratégia, que visa desarticular o financiamento do regime de Nicolás Maduro, funciona mais como um aviso político do que uma solução prática para o crime organizado.
Rocha ressalta que a luta contra o narcotráfico enfrenta desafios estruturais, pois as organizações criminosas se conectam globalmente. A pressão externa sobre Maduro também se agrava pela contestação internacional da legitimidade das últimas eleições na Venezuela, que foram marcadas pela falta de garantias democráticas. Segundo ele, a escalada retórica e militar dos Estados Unidos aumenta a instabilidade regional e pode ter consequências desfavoráveis para a economia de países da América do Sul, como o Brasil.
Por fim, o aumento da insegurança geopolítica pode afastar investidores estrangeiros, dificultando a atração de capital externo. Rocha alerta que a falta de investimentos compromete o crescimento econômico brasileiro e destaca que uma possível escalada do conflito na região seria prejudicial para todos os envolvidos, lembrando que a América do Sul não deve se tornar um novo cenário de conflito semelhante ao Vietnã.

