A junta militar de Mianmar inicia, no dia 28 de dezembro, eleições legislativas que apresenta como um passo em direção à reconciliação, quase cinco anos após assumir o poder em um golpe que desencadeou uma guerra civil. A ex-chefe de governo civil, Aung San Suu Kyi, continua detida desde fevereiro de 2021, quando o golpe militar interrompeu uma década de democracia no país. A comunidade internacional, incluindo a ONU, critica o processo, considerando-o uma tentativa da junta de dar uma aparência de legitimidade ao seu governo.
As eleições serão realizadas em três turnos ao longo de um mês, mas são precedidas por uma repressão severa contra qualquer oposição. De acordo com estimativas, cerca de 22 mil pessoas estão atualmente presas por motivos políticos em Mianmar. Com a votação não ocorrendo nas áreas controladas por rebeldes, a legitimidade do pleito é questionada, especialmente em um país que enfrenta uma sangrenta guerra civil e uma grave crise humanitária.
A junta militar busca consolidar seu poder através desse processo eleitoral, mas a população se mostra cética quanto à sua eficácia em trazer paz e estabilidade. O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou dúvidas sobre o impacto das eleições na resolução da crise. Com um histórico de violência e repressão, a situação em Mianmar permanece crítica, com milhões de deslocados e uma população em grande parte vivendo na pobreza.

