O Brasil atualmente investe cerca de 2% do seu PIB em infraestrutura, um valor considerado insuficiente para garantir o crescimento econômico sustentável, segundo Wilson Levy, doutor em Direito e especialista em Cidades Inteligentes e Sustentáveis. Ele ressalta que seriam necessários investimentos entre 4% e 5% do PIB por vários anos para enfrentar o atraso acumulado neste setor crítico. Entre 2021 e 2024, o investimento público ficou abaixo de 1% do PIB, evidenciando um subfinanciamento crônico que compromete o desenvolvimento do país.
Na entrevista, Levy abordou os gargalos históricos em setores como rodovias, ferrovias, portos, energia e saneamento, que encarecem a produção e reduzem a competitividade. Ele destacou que a precariedade da infraestrutura impacta diretamente tanto o escoamento da safra quanto a qualidade de vida urbana, afetando o acesso à água tratada e a mobilidade nas cidades. A dependência excessiva do transporte rodoviário foi identificada como um fator que eleva os custos, tornando urgente a necessidade de modernização.
Levy propôs uma combinação de investimento público e privado, acompanhada de regras claras, para avançar em concessões e melhorias na infraestrutura. Ele criticou a judicialização excessiva e a multiplicidade de instâncias que dificultam a execução de obras, enfatizando que a falta de previsibilidade jurídica impede a realização de projetos essenciais. Apesar de reconhecer alguns avanços, como a nova lei de licitações, ele alertou que, sem um ambiente regulatório estável, o Brasil continuará a enfrentar desafios significativos em sua infraestrutura.

