Recentemente, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, enfatizou que o tráfico de drogas permanece ativo na Cidade de Deus, mesmo com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) sendo implementadas. De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense, o Comando Vermelho e outras facções criminosas ampliaram sua presença em várias regiões do estado entre 2008 e 2015, fenômeno atribuído ao ‘efeito balão’, onde a repressão em uma área provoca a migração para outras localidades.
O estudo, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos e o Instituto Fogo Cruzado, revela que a presença da Polícia Militar incentivou integrantes do Comando Vermelho a se deslocarem para regiões como a Baixada e o Leste Fluminense. Essa movimentação ocorreu para evitar confrontos diretos com a polícia, enquanto as áreas previamente dominadas continuavam sob controle das facções. O sociólogo Daniel Hirata, coordenador do estudo, ressalta a falta de planejamento metropolitano nas UPPs, que resultou em um impacto significativo na expansão das facções.
Além disso, a pesquisa indica que entre 2016 e 2020 houve uma grande expansão das facções, impulsionada por fatores como o desmantelamento das UPPs e a incapacidade do estado em manter a segurança pública. Atualmente, cerca de 34,9% da população do Rio de Janeiro vive sob regras impostas por facções criminosas, um aumento alarmante em comparação a anos anteriores. Essa situação reflete um contexto mais amplo de falência do estado e da deterioração das políticas de segurança, que favorece a continuidade do crescimento do crime organizado na região.


