A arquiteta e urbanista Susana Prizendt afirmou que a contaminação por agrotóxicos no Brasil impacta diretamente uma população já vulnerável, marcada por questões de gênero, raça e território. Ela ressaltou que essa população, frequentemente sujeita à fome e à insegurança alimentar, é a que mais sofre com a exposição aos venenos utilizados na agricultura. A declaração ocorreu durante uma homenagem ao cineasta Sílvio Tendler, após a exibição de seu documentário ‘O Veneno Está na Mesa II’.
Prizendt enfatizou que a situação é crítica, especialmente para os povos descendentes de negros e indígenas, que trabalham em grandes e pequenas propriedades agrícolas. Esses grupos, além de enfrentarem o uso intenso de agrotóxicos, têm acesso limitado a alimentos agroecológicos. O documentário de Tendler ilustra como as grandes corporações do setor alimentício concentram lucros em detrimento da saúde dos trabalhadores rurais e das comunidades vizinhas.
O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que mais que dobrou desde os anos 80, contribui para a degradação da alimentação saudável no Brasil. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor mostraram que a maioria dos alimentos industrializados contém resíduos de agrotóxicos. Essa realidade acende um alerta sobre a necessidade de oferecer alternativas alimentares mais saudáveis e livres de venenos, especialmente para as populações em situação de vulnerabilidade.


