A Promotoria de Milão anunciou a abertura de uma investigação sobre os chamados ‘franco-atiradores de fim de semana’, que teriam participado do cerco de Sarajevo entre 1993 e 1995. Os suspeitos, em sua maioria italianos, pagaram ao Exército sérvio para atirar em civis, em atos considerados como ‘homicídio doloso agravado’. O promotor Alessandro Gobbis busca identificar essas pessoas que, segundo relatos, buscavam ‘brincar de guerra’.
Esses ‘turistas de guerra’, muitos deles simpatizantes da extrema direita e com grande poder aquisitivo, se reuniam em Trieste antes de serem levados para as colinas ao redor de Sarajevo. Os custos para participar dessas atividades macabras chegavam a 100 mil euros por dia, de acordo com fontes locais. A investigação foi motivada por uma denúncia do jornalista Ezio Gavanezzi, que apontou a existência de pelo menos 200 italianos envolvidos, além de outros estrangeiros.
A ex-prefeita de Sarajevo, Benjamina Karic, expressou satisfação com o início da investigação e lembrou que já havia solicitado apurações em 2022, após a exibição do documentário ‘Sarajevo Safari’. Ela destacou que os relatos e o conteúdo do documentário indicam uma organização de ‘excursões’ para esses franco-atiradores, que resultaram na morte de civis inocentes durante o cerco, que foi o mais longo da história moderna. O cerco de Sarajevo resultou na morte de 11.541 pessoas e feriu mais de 50 mil, segundo dados oficiais.

