Especialistas apontam que a falta de clareza nas diretrizes de defesa é um obstáculo para o Brasil consolidar seu entorno estratégico, que compreende a América do Sul, o Caribe e parte da costa ocidental africana. Desde 2008, documentos de defesa enfatizam essa importância, mas a necessidade de ações práticas vai além do setor militar.
O internacionalista Augusto Teixeira Júnior defende que o entorno estratégico deve abranger também áreas econômica, comercial e diplomática. Ele alerta que as ideias contidas em documentos estratégicos precisam se traduzir em políticas efetivas, evitando que se tornem meras teorias. A distância entre a formulação de diretrizes e a implementação prática é um desafio significativo, especialmente na política externa do Brasil.
Além disso, a falta de preparo de alguns ministros da Defesa compromete a integração necessária entre as diversas burocracias do setor. Teixeira Júnior observa que, muitas vezes, as prioridades e interesses dos militares dominam o pensamento em defesa, o que fragiliza o Ministério da Defesa em sua função de promover convergência entre as diferentes áreas envolvidas. Essa situação demanda uma reflexão sobre as capacidades e a articulação entre os setores envolvidos na defesa nacional.