Em entrevista ao WW, o analista criminal Guaracy Mingardi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, abordou criticamente o Projeto de Lei Antifacção, que busca reforçar o combate ao crime organizado. Mingardi afirmou que não existe organização criminosa sem algum vínculo com o Estado, seja em níveis municipal, estadual ou federal, o que levanta preocupações sobre a eficácia das medidas propostas.
O especialista enfatizou que a proposta de limitar a atuação da Polícia Federal, exigindo autorização dos estados para operações, representa um retrocesso. Segundo ele, essa restrição pode comprometer investigações e aumentar o risco de vazamentos de informações. Mingardi destacou que a PF já possui a competência constitucional para atuar em crimes interestaduais e internacionais, características que predominam nas principais organizações criminosas do Brasil.
Além disso, o analista questionou a eficácia do endurecimento das penas e a equiparação das ações de organizações criminosas ao terrorismo. Ele argumentou que o foco deve ser na capacidade de investigação e desarticulação das redes criminosas, em vez de simplesmente aumentar as punições. Mingardi concluiu que a verdadeira solução reside em abordar a estrutura das organizações, não apenas suas consequências legais.