O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, conhecido por sua atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), destaca a falta de coordenação entre os níveis federal e estadual como um dos maiores entraves no combate ao crime organizado. Em entrevista, ele critica a proposta do Projeto de Lei (PL) Antifacção, afirmando que não aborda as questões fundamentais e que a situação das facções criminosas no Brasil se agravou ao longo dos anos. Gakiya, que já sofreu ameaças de morte, sugere que a criação de um órgão federal autônomo poderia unir esforços no combate às organizações criminosas.
Gakiya, que atua há mais de 20 anos nesse campo, analisa a proposta do PL Antifacção e observa que, apesar de algumas inovações positivas, como o confisco de bens de criminosos, a legislação não diferencia o grau de envolvimento dos membros das facções. Ele critica a abordagem uniforme nas penas, que não considera as diferentes responsabilidades dentro das organizações. Para Gakiya, a falta de um sistema que avalie a gravidade do envolvimento dos indivíduos prejudica a eficácia das medidas propostas.
Por fim, o promotor enfatiza a necessidade de uma estratégia coordenada entre as esferas de governo para enfrentar de forma eficaz o crime organizado, que se tornou mais sofisticado e infiltrado na economia formal. Gakiya ressalta a importância de debater amplamente as mudanças legislativas propostas, para que possam realmente contribuir para a segurança pública. A sua visão crítica sobre a atual proposta e a urgência por melhores políticas públicas refletem a complexidade dos desafios enfrentados no combate às facções criminosas no Brasil.


