Influenciadoras brasileiras têm promovido nas redes sociais um programa de recrutamento para trabalho na Rússia, oferecendo salários de até US$ 680 mensais, acomodação, passagens aéreas e aulas de russo. O programa, chamado ‘Alabuga Start’, está vinculado à Zona Econômica Especial de Alabuga, no Tartaristão, e oficialmente oferece vagas em hospitalidade, alimentação e logística. Contudo, diversas denúncias indicam que as mulheres recrutadas são forçadas a trabalhar em fábricas de drones militares usados na guerra contra a Ucrânia.
O esquema mira mulheres entre 18 e 22 anos, especialmente de países com alto desemprego, atraídas pela promessa de salários acima da média local e benefícios completos. Relatos apontam para condições de trabalho extenuantes, exposição a produtos químicos perigosos, vigilância constante e restrição severa da liberdade de movimento, incluindo a retenção de passaportes. A Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional e o Serviço de Inteligência Estrangeira da Ucrânia destacam que mais de 90% das participantes atuam na produção militar, com a fábrica de Alabuga produzindo milhares de drones iranianos Shahed.
O caso despertou atenção internacional por suspeitas de tráfico humano, com investigações da Interpol e alertas emitidos por governos africanos. Plataformas como TikTok e Telegram são questionadas pelo papel na divulgação do programa. O Kremlin nega irregularidades e classifica as denúncias como desinformação ocidental. Apesar disso, o site do programa continua ativo, promovendo a iniciativa como uma oportunidade legítima de carreira.