No universo das práticas pseudocientíficas na saúde, destacam-se dois perfis: o ‘picareta doloso’, que age com intenção clara de enganar para obter lucro, e o ‘picareta culposo’, que acredita sinceramente em suas práticas apesar da ausência de evidências científicas. Este último é o foco principal do debate, pois sua atuação inadvertida reforça falsas promessas e ilusões entre pacientes.
O ‘picareta culposo’ geralmente é um profissional que, diante de vulnerabilidades pessoais ou limitações do sistema de saúde convencional, adota narrativas simplistas e críticas ao modelo científico tradicional. Ele investe tempo, dinheiro e identidade em cursos e práticas alternativas, construindo uma visão de mundo que valida suas crenças, mesmo diante de evidências contrárias. Esse processo é alimentado por vieses cognitivos como o viés de confirmação e o viés do custo irrecuperável, além do apoio social de comunidades afins.
Essa dinâmica representa um desafio para a saúde pública, pois perpetua tratamentos ineficazes e pode minar a confiança na medicina baseada em evidências. O artigo destaca a complexidade de lidar com esses profissionais, que muitas vezes se veem como vítimas e defensores de uma ciência alternativa, dificultando a correção dessas práticas e exigindo estratégias mais eficazes para proteger pacientes e fortalecer a comunicação científica.