A 3ª edição da pesquisa Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc São Paulo, aponta que a vida das mulheres no Brasil piorou em relação à década passada. O levantamento mostra que uma em cada quatro entrevistadas considera que há mais aspectos negativos do que positivos em ser mulher atualmente. Metade das mulheres já sofreu algum tipo de violência, mas o reconhecimento espontâneo desse fato ainda é baixo.
Segundo a pesquisadora Sofia Toledo, analista da Fundação Perseu Abramo, o resultado reflete o aumento das desigualdades econômicas, sociais e da violência de gênero. O estudo destaca que a renda média feminina é 40% inferior à dos homens, com mulheres negras e nordestinas concentradas nas faixas de menor renda e no mercado informal. Além disso, 71% das vítimas de agressão não registraram queixa oficialmente, muitas vezes por medo ou falta de autonomia financeira.
A pesquisa também revela queda no interesse declarado das mulheres pela política, com apenas 71% considerando o tema importante, contra 80% em 2010. A violência política e a discriminação afastam muitas mulheres da participação eleitoral, apesar da forte adesão à democracia e à diversidade na representação política. Esses dados evidenciam desafios estruturais que dificultam avanços na igualdade de gênero no Brasil.