Uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) aponta que seis em cada dez delegados paulistas recorrem a trabalhos extras para complementar a renda familiar. O levantamento, realizado com 711 delegados ativos e aposentados em todo o estado, também revela que 42% dos aposentados continuam atuando profissionalmente. Entre eles estava o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, assassinado em emboscada na cidade de Praia Grande no dia 15 deste mês.
O estudo detalha que as atividades adicionais permitidas aos policiais civis incluem a chamada atividade delegada — parcerias com municípios para ações de segurança —, atuação como professores e realização de horas extras. A pesquisa destaca ainda a sobrecarga enfrentada pelos delegados ativos, agravada pelo déficit de cerca de 15 mil servidores na Polícia Civil paulista, que inclui investigadores, escrivães, peritos criminais, papiloscopistas e agentes. A presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares, ressalta a desvalorização da carreira e a evasão para outras polícias e órgãos públicos com melhores condições.
O sindicato cobra do governador Tarcísio de Freitas o cumprimento das promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2022 para valorização e modernização da Polícia Civil. A expectativa é que a Nova Lei Orgânica da corporação, em fase final de elaboração, corrija distorções salariais e assegure direitos básicos como pagamento de horas extras, adicional noturno e auxílio saúde. Essas medidas são vistas como essenciais para melhorar as condições de trabalho e conter a perda de profissionais qualificados.