A imagem pública da Câmara dos Deputados brasileira sofreu uma deterioração recorde, conforme pesquisa do instituto Ipespe realizada entre 19 e 22 de setembro com 2,5 mil entrevistados. Atualmente, sete em cada dez eleitores desaprovam a atuação dos 513 deputados federais, um aumento significativo em relação a julho. Esse cenário reflete a crescente insatisfação popular diante de episódios recentes que evidenciam a desconexão dos parlamentares com as expectativas do eleitorado.
Em agosto, a Câmara foi palco de um motim promovido por um grupo de extrema direita do Partido Liberal, que defendia interesses privados do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo uma anistia antes mesmo do julgamento que o condenou por tentativa de golpe de estado. Após o tumulto, um acordo interno evitou punições severas aos envolvidos. Em setembro, a maioria dos deputados aprovou uma proposta de emenda constitucional (PEC) que impede investigações, processos judiciais e condenações contra parlamentares federais e estaduais, medida amplamente criticada e apelidada de PEC da Impunidade.
O contexto se agrava com as investigações do Supremo Tribunal Federal sobre o orçamento secreto, envolvendo quase cem parlamentares em inquéritos relacionados à destinação obscura de bilhões de reais. Em contrapartida, o Senado Federal melhorou sua avaliação pública ao rejeitar rapidamente a PEC da Impunidade, demonstrando maior responsabilidade institucional e distanciamento da crise que afeta a Câmara dos Deputados.