Em entrevista à Folha de S.Paulo, a professora de ciência política da Universidade de São Paulo (USP), Marta Arretche, avaliou que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não encerra a crise política nem a disputa em torno da trama golpista no país. Segundo ela, o julgamento representa um capítulo importante, mas não o fim das tensões institucionais que marcam o cenário brasileiro.
Arretche ressaltou o papel central do STF diante da polarização política e social que atravessa o Brasil. Ela criticou o uso recorrente de decisões monocráticas pela corte, argumentando que essa prática pode comprometer a percepção de legitimidade das decisões judiciais. Para a cientista política, é fundamental que o STF revise seus procedimentos para fortalecer a confiança pública e o equilíbrio entre os poderes.
A análise da professora indica que o desfecho judicial não deve ser interpretado como um ponto final na crise política brasileira. A continuidade das disputas e a necessidade de ajustes institucionais apontam para um cenário complexo, em que o diálogo e a revisão de práticas judiciais serão essenciais para a estabilidade democrática no país.
