A produção e comercialização de bebidas alcoólicas falsificadas no Brasil podem gerar lucros superiores a 300% para os criminosos, conforme revelou Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em entrevista ao Poder360 nesta quarta-feira (1º de outubro de 2025). Segundo ele, a alta lucratividade decorre da sonegação total de impostos e do uso de insumos baratos e prejudiciais à saúde, como o metanol.
Ramazzini explicou que a elevada carga tributária sobre as bebidas originais, que pode chegar a 60% do preço final, incentiva a falsificação. Ao eliminar esses tributos, o produto ilegal torna-se competitivo e altamente rentável. O custo para produzir uma bebida falsificada é inferior a 20% do valor da original. Um exemplo citado pelo diretor é a compra de uma garrafa de vodca falsificada por R$ 40, vendida por R$ 120, resultando em um lucro de 300%.
A ABCF também apontou falhas na fiscalização do setor, destacando a desativação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) pela Receita Federal em 2016 como um marco negativo. Desde então, as fraudes aumentaram significativamente. O comércio ilegal causou uma perda fiscal estimada em R$ 52 bilhões em 2022, com o mercado ilícito crescendo 200% entre 2016 e 2022, enquanto o mercado legal diminuiu 14%. A associação alerta para os riscos à saúde pública e à economia, reforçando a necessidade de medidas rigorosas para combater a falsificação.