O economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, expressou preocupações sobre os potenciais riscos que o financiamento em dólares representa para os bancos da zona do euro. Em declarações feitas nesta terça-feira, Lane destacou que a pressão sobre os bancos pode aumentar em decorrência das tarifas comerciais anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, o que tem levado os bancos centrais a reavaliar suas estratégias. Ele ressaltou que a exposição ao dólar, que representa entre 7% e 28% dos passivos bancários, é uma questão que não pode ser ignorada.
Lane observou que, embora os bancos europeus tenham enfrentado a turbulência financeira recente de forma relativamente eficaz, a dependência de financiamento em dólares pode trazer complicações. Mudanças inesperadas nas condições de mercado podem limitar a capacidade de empréstimos das instituições financeiras à economia real, provocando uma pressão adicional em seus balanços patrimoniais. A situação é agravada pelo fato de que os bancos costumam contrair empréstimos de instituições financeiras norte-americanas, tornando esses recursos menos confiáveis durante crises.
As autoridades do BCE têm recomendado que os bancos monitorem suas exposições ao dólar e ajustem seus ativos e passivos para evitar descompassos. Embora a criação de reservas em dólares tenha sido considerada como uma estratégia entre os bancos centrais fora dos EUA, Lane alertou que essa abordagem pode ser politicamente complicada e, possivelmente, insuficiente para lidar com a magnitude das necessidades de financiamento em dólares no mercado global. Assim, a vigilância sobre a situação financeira dos bancos europeus se torna essencial para mitigar riscos futuros.


