O voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), se configura como uma incógnita no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de articular uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O processo inicia sua análise nesta terça-feira (2) pela Primeira Turma da Corte, e especialistas acreditam que Fux pode divergir do relator Alexandre de Moraes, levantando questões sobre a extensão dessa divergência, que pode variar desde ajustes nas penas até a possibilidade de absolvição parcial de Bolsonaro.
Fux tem manifestado dúvidas sobre os crimes mais graves imputados a Bolsonaro, como golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, sugerindo que um crime poderia ser meio para o outro. Além disso, sua postura em relação à colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pode influenciar a interpretação da responsabilidade penal do ex-presidente. A expectativa é que seu voto traga dissenso, já que ele tem divergido em decisões anteriores sobre medidas cautelares contra Bolsonaro.
Caso Fux e outro ministro da Primeira Turma se posicionem de forma diferente da maioria em relação a crimes específicos, isso poderá abrir espaço para recursos que levem a discussão ao plenário do STF. Embora essa possibilidade não reabra todo o processo, o resultado do voto de Fux será crucial para definir não apenas o placar do julgamento, mas também o futuro da narrativa judicial sobre a responsabilidade de Bolsonaro na tentativa de golpe.