A Vara do Trabalho de Redenção, localizada no sul do Pará, decidiu condenar a Volkswagen do Brasil a pagar R$ 165 milhões por danos morais coletivos. A condenação se baseia em evidências de que a montadora manteve condições de trabalho análogas à escravidão em sua fazenda em Santana do Araguaia durante os anos 1970 e 1980, período marcado pelo regime militar. A decisão foi publicada em 29 de agosto de 2025 e atende a um pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), que moveu uma ação civil pública contra a empresa.
Segundo o MPT, essa condenação representa um marco na responsabilização de grandes corporações por práticas abusivas ocorridas durante a ditadura militar no Brasil. A investigação revelou que mais de mil trabalhadores enfrentaram jornadas exaustivas, alojamentos precários e vigilância armada, além de serem vítimas da chamada escravidão por dívida. Os relatos de trabalhadores destacam as condições degradantes que enfrentaram, como a falta de água potável e a proibição de manter contato com suas famílias.
Além da multa, a Justiça determinou que a Volkswagen reconheça publicamente sua responsabilidade e peça desculpas formais aos trabalhadores afetados e à sociedade brasileira. A montadora, que se retirou das negociações para um acordo extrajudicial em março de 2023, afirmou que ainda analisa a decisão e pretende recorrer. Essa condenação não apenas traz à tona os abusos históricos, mas também levanta questões sobre a responsabilidade social das empresas no Brasil.