A proposta de venda da Travessa Engenheiro Antônio de Souza Barros Júnior, nos Jardins, em São Paulo, suscitou um intenso debate entre os moradores da capital. Enquanto alguns questionam a viabilidade da comercialização de uma rua, outros acreditam que a medida pode trazer benefícios. O arquiteto e urbanista Valter Caldana critica essa iniciativa, afirmando que a venda de espaços públicos representa uma perda significativa da identidade da cidade.
Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ressalta que as ruas devem ser vistas como espaços de convivência e não apenas como vias de trânsito. Ele argumenta que a alienação de ruas para a iniciativa privada, como no caso da travessa em questão, não visa melhorar a cidade, mas sim aumentar o espaço para empreendimentos privados. A gestão municipal já obteve autorização para a venda, que pode render R$ 16 milhões aos cofres públicos.
O arquiteto alerta que essa prática pode criar um precedente perigoso para futuras vendas de ruas na cidade. Ele enfatiza que a transformação das ruas em propriedades privadas compromete o convívio social e a cidadania, além de retroceder o desenvolvimento urbano para uma lógica ultrapassada. A discussão sobre o uso do espaço público deve considerar o bem-estar coletivo e a preservação da identidade urbana.