Um estudo recente conduzido por pesquisadores brasileiros e publicado na revista The Lancet Global Health demonstra que a vacina contra o HPV reduziu em 58% os casos de câncer de colo do útero entre mulheres jovens no Brasil. A análise considerou dados do Sistema Único de Saúde entre 2019 e 2023, comparando mulheres elegíveis para vacinação com aquelas que não receberam a imunização. O programa nacional de vacinação, iniciado em 2014, teve alta adesão inicial, mas sofreu queda na cobertura devido a campanhas antivacina.
O câncer de colo do útero, causado quase exclusivamente pelo papilomavírus humano (HPV), é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres no país. A vacina, oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, passou a ser disponibilizada também para adolescentes de 15 a 19 anos até dezembro de 2025. Além disso, grupos específicos como imunossuprimidos e vítimas de violência sexual têm acesso ampliado. A proteção é mais eficaz quando aplicada precocemente, mas a falta de programas organizados de rastreamento dificulta a detecção precoce da doença.
Apesar dos avanços, o Brasil enfrenta desafios significativos para ampliar a cobertura vacinal e combater a desinformação que prejudica a confiança pública. O sucesso da vacina reforça a importância da prevenção como estratégia fundamental para reduzir a incidência do câncer de colo do útero. A continuidade das campanhas de vacinação e o fortalecimento dos programas de rastreamento são essenciais para avançar na eliminação dessa doença evitável.