A Comissão Europeia inicia nesta quarta-feira (3) o processo de ratificação do acordo comercial com os países do Mercosul, que enfrenta a relutância da França e precisa ser aprovado pelos 27 países do bloco e pelo Parlamento Europeu. A adoção pelos comissários europeus é o primeiro passo antes do envio do tratado de livre comércio aos Estados-membros e aos eurodeputados nos próximos meses. O processo coincide com a crise política na França, onde o governo pode cair se o primeiro-ministro François Bayrou não superar uma moção de confiança.
O acordo deve permitir que a União Europeia exporte mais automóveis, máquinas e bebidas alcoólicas para Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, enquanto facilita a entrada de carne, açúcar, arroz, mel e soja latino-americanos no bloco. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, afirma que se trata de um acordo benéfico para todas as partes. Contudo, sindicatos de agricultores europeus criticam o tratado, alertando sobre os riscos para a agricultura local e exigindo medidas adicionais de proteção.
Para apaziguar a França, a Comissão pode anunciar um aditamento ao tratado para reforçar as cláusulas de salvaguarda para produtos agrícolas sensíveis. Essa modificação não exigiria renegociação com os países do Mercosul, mas poderia não ser suficiente para atender às demandas francesas. A extrema direita e a extrema esquerda no país já se manifestaram contra o acordo, enquanto defensores na Europa, como a Alemanha, buscam novos mercados diante das tarifas impostas pelos EUA.