Um estudo do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) revela que trabalhadores brasileiros com salários superiores a R$ 6 mil mensais já pagam mais Imposto de Renda do que milionários. Os dados, referentes ao IR de 2024, indicam que a alíquota efetiva para essa faixa salarial pode chegar a 11,40%, enquanto os milionários pagam uma média de apenas 5,28%. Essa discrepância evidencia uma crescente desigualdade na carga tributária, onde os trabalhadores de renda média são os mais penalizados.
O estudo destaca que a situação é ainda mais crítica para aqueles que recebem entre 5 e 7 salários mínimos, com uma alíquota efetiva de 6,63%. Além disso, cerca de 71% da renda dos contribuintes que ganham acima de 240 salários mínimos é isenta de impostos, enquanto nas faixas mais baixas, apenas 5% da renda é isenta. O presidente do Sindifisco, Dão Real Pereira dos Santos, aponta que a isenção de lucros e dividendos tem contribuído para essa desigualdade, incentivando a ‘pejotização’ e o planejamento tributário que favorece os mais ricos.
A reforma tributária em discussão na Câmara dos Deputados busca reverter essa tendência, ampliando a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Embora essa medida represente um avanço, especialistas alertam que é apenas um primeiro passo em um longo caminho para corrigir as distorções do sistema tributário brasileiro. A expectativa é que as mudanças se concretizem até 2033, mas a necessidade de revisar a isenção de lucros e dividendos permanece como uma questão central para garantir maior justiça fiscal no país.