Na madrugada em Mirador, interior do Maranhão, um trabalhador foi brutalmente agredido e amarrado pelo gerente de uma carvoaria após um episódio de desordem. O agressor fotografou a vítima para intimidar outros funcionários, conforme relato de testemunhas e relatório da Operação nº 216 do Ministério do Trabalho, realizada em julho de 2021. Na mesma ação, 11 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão.
A carvoaria pertence a um empresário incluído na Lista Suja do Trabalho Escravo, e produz carvão vegetal que abastece a Viena Siderúrgica, com unidades em Sete Lagoas (MG) e Açailândia (MA). A Viena é uma das maiores siderúrgicas do Brasil e exporta ferro-gusa para o mercado norte-americano, incluindo a Toyota Motor North America. Dados oficiais indicam que, entre fevereiro e setembro de 2022, foram realizados embarques de ferro-gusa para a montadora japonesa.
O caso evidencia a complexidade das cadeias produtivas globais e os desafios no combate ao trabalho escravo. A Viena afirma repudiar qualquer exploração e descredenciou fornecedores após as fiscalizações. A Toyota no Brasil ressalta independência operacional da matriz americana, que não respondeu às solicitações de esclarecimento. A denúncia formal foi encaminhada à polícia e ao Ministério Público, mas ainda não houve investigação aprofundada.