O mercado global voltou a ser impactado pelo chamado ‘risco Trump’, que se destaca como um fator de volatilidade nos próximos meses. O dólar americano perdeu força, atingindo seu menor valor desde 2021, enquanto o euro se valorizou, impulsionado por incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos e a possibilidade de interferência política no Federal Reserve. Indicadores do mercado de trabalho americano sinalizam espaço para cortes de juros, enquanto as tarifas de Trump reacendem preocupações sobre a credibilidade da moeda americana.
Aurélio Bicalho, economista-chefe da Vinland Capital, analisou a situação em entrevista e destacou que o mercado reage mais intensamente às tarifas de Trump do que às recentes escaladas geopolíticas envolvendo China, Rússia e Irã. A ausência dos Estados Unidos como ‘polícia do mundo’ durante o governo Biden tem contribuído para tensões globais, como a invasão da Ucrânia pela Rússia. O retorno de Trump ao cenário político pode ter reduzido parte da incerteza imediata, mas os riscos permanecem elevados.
Para os investidores, a combinação de um dólar mais fraco e um alívio relativo nas tensões geopolíticas abre oportunidades para redirecionar recursos a ativos de risco fora dos EUA, especialmente em mercados emergentes. No Brasil, a bolsa tem alcançado recordes históricos, apesar das incertezas fiscais e políticas. Contudo, desafios internos persistem, como a alta da dívida pública e programas subsidiados, limitando a competitividade do país em comparação com outros emergentes.