O reconhecimento da Palestina como um Estado, um tema central no atual conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, continua a ser um processo complexo, repleto de obstáculos jurídicos e políticos. Recentemente, aliados tradicionais de Israel, como Austrália, França, Canadá e possivelmente o Reino Unido, sinalizaram a possibilidade de reconhecer a Palestina, somando-se aos cerca de 150 países que já mantêm algum nível de reconhecimento. No entanto, esse reconhecimento não garante segurança territorial ou o fim das hostilidades.
Segundo a Convenção de Montevidéu de 1933, um Estado deve atender a quatro critérios básicos: limites territoriais definidos, população permanente, governo representativo e capacidade de celebrar acordos internacionais. O especialista Gezim Visoka, da Universidade da Cidade de Dublin, destaca que o reconhecimento é crucial para que um Estado possa celebrar acordos internacionais e se proteger contra anexações ou intervenções arbitrárias. Apesar de a Palestina ser reconhecida como Estado observador permanente na ONU, ela ainda enfrenta desafios práticos significativos, como a falta de adesão plena à organização e disputas territoriais.
A recente votação da Assembleia Geral da ONU, que apoiou a solução de dois Estados com 142 votos a favor, demonstra um apoio internacional considerável. Contudo, mesmo com essa ampla aprovação, a Palestina continua vulnerável devido à ausência de filiação plena à ONU, o que pode resultar em isolamento e desigualdade no acesso a programas internacionais. O reconhecimento internacional, embora simbólico, é estratégico para fortalecer a soberania palestina e facilitar relações comerciais e diplomáticas.