No Equador, a mobilização nacional promovida pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) contra a eliminação do subsídio ao diesel pelo governo do presidente Daniel Noboa entrou em seu oitavo dia, marcada por confrontos violentos e uma crescente presença militar em várias províncias. No domingo (28), um manifestante foi morto durante protestos no norte do país, enquanto 17 militares foram detidos após embates com manifestantes. Desde o início das manifestações, 48 pessoas ficaram feridas e cerca de 100 foram detidas, segundo a Aliança pelos Direitos Humanos do Equador.
Os protestos concentram-se principalmente na província de Imbabura, com bloqueios de estradas em cantões como Pinsaqui, Cotacachi e Otavalo, provocando escassez de combustível e suprimentos básicos. O governo respondeu com operações policiais e militares para retomar o controle das vias. A Conaie acusa as forças de segurança de racismo e violência, especialmente após a morte do líder indígena Efraín Fuerez, atingido por um projétil durante um protesto. Organizações de direitos humanos responsabilizam os militares pelo assassinato, enquanto o governo acusa os manifestantes de violência e ameaça penas severas para quem participar dos bloqueios.
A crise representa o primeiro grande teste político para o governo Noboa, evidenciando uma ruptura entre a liderança indígena e o Executivo. A repressão tem aprofundado o descontentamento social e unido as comunidades indígenas em torno da luta por dignidade e reconhecimento. Especialistas alertam que a instabilidade pode comprometer a governabilidade e projetos estratégicos do governo, como a consulta para uma Assembleia Constituinte, além de corroer a legitimidade do presidente em regiões-chave do país.