Um estudo inédito liderado pela geneticista molecular Hayley Mountford, da Universidade de Edimburgo, analisou dados genômicos de mais de 1,2 milhão de pessoas para desvendar as bases genéticas da dislexia. Publicada na revista Translational Psychiatry, a pesquisa identificou 80 regiões do DNA associadas à condição, sendo 36 delas inéditas e 13 nunca antes relacionadas à dislexia. O levantamento combinou dados da empresa 23andMe e do consórcio GenLang, ampliando significativamente a amostra em relação a estudos anteriores.
A dislexia, que afeta cerca de 10% da população mundial, é uma condição neurodesenvolvimental que dificulta a leitura e a escrita. O estudo revelou que muitas das regiões genéticas identificadas estão ligadas ao desenvolvimento precoce do cérebro e à formação de circuitos neuronais. Além disso, foi observada uma sobreposição genética com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), frequentemente associado à dislexia. A pesquisa também apontou correlações com desempenho cognitivo e sensibilidade à dor crônica.
Embora ainda distante de aplicações clínicas imediatas, os resultados representam um avanço importante para a compreensão biológica da dislexia. A construção de índices poligênicos capazes de prever dificuldades de leitura abre caminho para diagnósticos precoces e intervenções educacionais mais eficazes. Os autores destacam que a dislexia deve ser vista como parte de um espectro contínuo de habilidades de leitura, fortemente influenciado por fatores genéticos.