Parlamentares alemães estão bloqueando contratos militares sem licitação, contestando os planos do governo de gastar centenas de milhões de euros com fornecedores únicos. A principal crítica recai sobre a intenção de contratar diretamente a empresa Rohde & Schwarz para desenvolver um sistema de reconhecimento móvel, sem concorrência. Membros da comissão de orçamento do Bundestag, como Andreas Mattfeldt, argumentam que os contribuintes têm direito à transparência e à garantia de que os recursos estão sendo usados para adquirir os melhores produtos pelo melhor preço.
A controvérsia se intensificou após revelações de que o governo planeja conceder um contrato de € 390 milhões à Rheinmetall para desenvolver um sistema a laser para a Marinha, também sem licitação. Críticos apontam que essa medida ignora a existência de produtos similares já fabricados por concorrentes, como a australiana Electro Optic Systems. Andreas Schwarz, do Partido Social-Democrata, e Sebastian Schafer, do Partido Verde, se posicionaram contra as adjudicações diretas, enfatizando a necessidade de processos abertos para novos desenvolvimentos.
A oposição parlamentar pode dificultar a execução dos planos do governo, especialmente diante do volume de propostas que o Bundestag terá de avaliar. A Alemanha justifica o aumento dos gastos militares como resposta ao conflito na Ucrânia e à redução do envolvimento dos EUA na segurança europeia. O chanceler Friedrich Merz autorizou empréstimos ilimitados para financiar as Forças Armadas, prometendo transformá-las no exército convencional mais forte da Europa, com um orçamento de defesa previsto de € 162 bilhões até 2029.