Uma operação da Polícia Federal (PF) contra o garimpo ilegal no rio Madeira, realizada na semana passada, resultou na suspensão das aulas para cerca de 9,5 mil alunos da rede municipal em Humaitá, Amazonas. O levantamento foi feito pela Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), que destaca os prejuízos no aprendizado e os sinais de abalo psicológico em crianças e adolescentes das comunidades ribeirinhas. Na zona rural, 43 das 52 escolas suspenderam as aulas por uma semana, enquanto todas as 19 unidades na sede do município paralisaram atividades por pelo menos dois dias.
A moradora Anne Mendonça, da Comunidade Paraisinho, relatou que suas filhas não frequentaram a escola durante três dias devido ao medo gerado pela operação. O defensor público Theo Costa enfatizou que os efeitos vão além da interrupção do calendário escolar, com alunos apresentando danos psicológicos e queda no rendimento. A secretária de Educação de Humaitá, Arnaldina Chagas, expressou preocupação com o impacto próximo ao Saeb, previsto para outubro.
As críticas à operação levaram a Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH) a iniciar uma diligência nos municípios afetados. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) destacaram os riscos enfrentados pelas famílias durante a ação. A Defensoria Pública também intensificou atendimentos às famílias afetadas e planeja elaborar um relatório técnico para embasar políticas públicas e ações judiciais contra a União, visando garantir que futuras operações não causem danos ao meio ambiente e à população.