O presidente do Nepal, Ramchandra Paudel, dissolveu o Parlamento nesta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, e anunciou novas eleições para 5 de março de 2026. A decisão ocorreu após uma semana de protestos violentos que culminaram na queda do governo do ex-primeiro-ministro K. P. Sharma Oli. Em resposta às exigências dos manifestantes, Paudel nomeou Sushila Karki, presidente da Suprema Corte, como primeira-ministra interina, marcando um momento histórico ao se tornar a primeira mulher a governar o país.
Os protestos começaram após um bloqueio de redes sociais, desencadeado por uma campanha contra a ostentação de riqueza dos filhos de políticos. Apesar do recuo de Sharma Oli em relação ao bloqueio, os manifestantes continuaram a exigir o fim da corrupção e melhores condições para a juventude nepalesa. A situação se agravou com a violência que resultou na morte de 49 manifestantes e três policiais, além de mais de 1.300 feridos, levando o Exército a retomar o controle das ruas.
A crise atual é considerada a pior em décadas no Nepal, que enfrenta instabilidade política e incerteza econômica desde a abolição da monarquia em 2008. Com uma população de cerca de 30 milhões e uma taxa de desemprego de 12,6%, muitos jovens nepaleses buscam trabalho no exterior. Economistas alertam para a alta dependência da economia das remessas de trabalhadores no exterior, que representam 26% do PIB, um percentual alarmante em comparação com outros países.