Um estudo inédito do Instituto Locomotiva aponta que 473,4 mil mulheres negras estão empreendendo na Região Metropolitana de São Paulo, revelando uma força invisível que sustenta parte da economia local. Embora muitas desenvolvam negócios com criatividade e saberes herdados, enfrentam desafios significativos, como a falta de formalização — apenas 27% possuem CNPJ — e a ausência de espaço próprio para trabalhar. A maioria sobrevive com até um salário-mínimo e apenas 9% conseguem poupar regularmente, o que evidencia a precariedade dessas empreendedoras.
O levantamento mostra que, apesar das dificuldades, o empreendedorismo é visto como um caminho para a autonomia. Sete em cada dez mulheres negras planejam expandir seus negócios nos próximos anos, utilizando redes sociais e aplicativos de mensagens para vender e divulgar seus produtos. As motivações para empreender incluem a perda de emprego e a dificuldade de reinserção no mercado formal, além de habilidades e lacunas de mercado percebidas por elas.
Apoiar essas empreendedoras vai além de corrigir desigualdades históricas; é reconhecer um motor de inovação e desenvolvimento econômico nas periferias. Para isso, são necessárias linhas de crédito adequadas, capacitação contínua e suporte indireto, como creches e centros de cuidado infantil. Enxergar o protagonismo dessas mulheres é fundamental para construir um Brasil mais próspero e justo no futuro.