O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta terça-feira (9) que o depoimento do brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, é claro ao apontar a complacência do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, em relação às medidas de exceção discutidas por Jair Bolsonaro após sua derrota nas eleições de 2022. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Garnier teria disponibilizado tropas navais para apoiar uma possível ruptura institucional. Moraes caracterizou essa atitude como uma ‘mancha histórica’, ressaltando que a Marinha, sendo a mais antiga das Forças Armadas, não deveria se envolver em questões políticas momentâneas.
Moraes lembrou que Bolsonaro convocou os comandantes das Forças Armadas para discutir formas de permanecer no cargo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. Ele enfatizou que, sem um respaldo jurídico, o ex-presidente buscou apoio militar, o que culminou na mobilização popular que resultou nos ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. O ministro destacou que a complacência de Garnier foi crucial para fortalecer a confiança dos envolvidos na articulação de ações antidemocráticas.
Atualmente, a Primeira Turma do STF está analisando a denúncia contra o núcleo central da suposta trama golpista, com sessões extraordinárias programadas até 12 de setembro. Os réus incluem figuras proeminentes como Bolsonaro e outros ex-ministros, todos acusados de organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado. O desdobramento desse julgamento pode ter consequências profundas para a democracia brasileira e a integridade das instituições.