O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta terça-feira (9) que anotações feitas à mão em uma agenda e documentos relacionados à urna eletrônica constituem os primeiros passos de uma tentativa de golpe de Estado em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes apresentou imagens da agenda pertencente ao general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e refutou a defesa que alegava que as provas eram apenas ideias sem valor criminal.
O relator destacou que a agenda continha anotações sobre estratégias para desacreditar o processo eleitoral e mencionou documentos apreendidos no celular do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que continham informações falsas sobre a votação eletrônica. O julgamento, que pode culminar na condenação de Bolsonaro e outros sete réus, prossegue com sessões agendadas até o dia 12 de setembro, quando os ministros votarão sobre as acusações de organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Moraes enfatizou a gravidade das anotações golpistas, questionando a normalidade da situação em que um general do Exército mantém uma agenda com tais conteúdos. A continuidade do julgamento é crucial para determinar as responsabilidades dos réus, que incluem figuras proeminentes do governo anterior e estão acusados de orquestrar uma trama para reverter o resultado das eleições de 2022.