O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta terça-feira (9) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o responsável pelo uso indevido da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir que eleitores chegassem às urnas durante o segundo turno das eleições de 2022. Em seu voto no julgamento de uma suposta trama golpista, Moraes classificou a operação como “acintosa” e evidenciou o “desespero da organização criminosa” que teria planejado um golpe de Estado. Segundo Moraes, ordens foram dadas pelo então ministro da Justiça, Anderson Torres, e pela delegada Marília Alencar para bloquear estradas em municípios do Nordeste onde Lula havia obtido mais de 75% dos votos no primeiro turno.
O ministro destacou que a operação da PRF foi realizada apesar de uma proibição expressa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e resultou em diversas ocorrências de eleitores sendo impedidos de votar. Moraes citou o caso do senador Otto Alencar (PSD-BA), que ficou retido em uma barreira policial até que o TSE determinasse o fim da operação. O relator enfatizou que as ações da PRF demonstraram um viés político claro e foram parte de uma estratégia para desacreditar o sistema eleitoral e reduzir a votação de Lula.
O julgamento, que envolve outros réus além de Bolsonaro, continua com sessões extraordinárias até 12 de setembro. Os acusados enfrentam sérias acusações, incluindo organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado. Moraes ressaltou que a cronologia dos eventos comprova a ilicitude das ações lideradas por Bolsonaro, revelando a gravidade da situação e a necessidade de responsabilização dos envolvidos na tentativa de desestabilizar a democracia brasileira.